DPU em Santa Catarina registra aumento de 18% no número de atendimentos

As unidades da Defensoria Pública da União em Santa Catarina – Florianópolis, Joinville e Criciúma – realizaram em 2017, somadas, quase 12 mil atendimentos a mais que o registrado no ano anterior. O aumento representa 18,1% em relação a 2016. Também houve crescimento de 12,5% no número de pessoas atendidas e de 6,7% na quantidade de processos judiciais acompanhados pelos defensores públicos federais dos três núcleos.

Confira as estatísticas completas por núcleo e os números mês a mês

A maior variação positiva se deu em Criciúma. A unidade do Sul do Estado completou um ano em abril e realizou 12.574 atendimentos – 219% a mais que em 2016. Dois defensores públicos federais atuam no núcleo, que registrou ainda aumento de 80% e 71% na quantidade de pessoas atendidas e processos judiciais acompanhados, respectivamente.

Quarenta e um mil atendimentos foram promovidos pela DPU em Florianópolis, que, além de se responsabilizar pela abertura de novos procedimentos de assistência jurídica gratuita a cidadãos da região, atua em processos recursais oriundos de Joinville e Criciúma. O destaque do núcleo da capital catarinense, a primeira a se instalar no Estado, está no número de pessoas atendidas, que aumentou 5,3%. Cerca de 3,9 mil novos casos chegaram à unidade no ano passado.

Em Joinville, o crescimento registrado foi de 24,7% na quantidade de atendimentos, de 21,7% no número de pessoas atendidas e de 30,7% em processos judiciais acompanhados. A unidade foi instalada em 2010 e conta, atualmente, com o trabalho de quatro defensores públicos federais.

A estatística indica ainda que quase 1,8 milhão de atendimentos foram promovidos pela instituição em todo o país no último ano, quantidade 11,3% maior que em 2016. Também  houve aumento no número de pessoas assistidas (638.143) e de processos judiciais acompanhados (500.052).

Direitos humanos

Audiência sobre suspensão de verbas para cursos a distância da UFSC

A realocação de famílias carentes que ocupam área da União, os problemas encontrados por indígenas no município de Palhoça, a suspensão do repasse de verbas para cursos a distância na Universidade Federal de Santa Catarina e a necessidade de regularização da permanência de imigrantes togoleses no Brasil foram alguns dos temas de atuação do defensor regional de Direitos Humanos em Santa Catarina, João Vicente Panitz, em 2017. A função foi criada no ano anterior com o objetivo de organizar e promover o trabalho da instituição de forma coletiva.

Panitz também atuou no auxílio a famílias de pescadores artesanais ameaçadas por ações de reintegração de posse em Biguaçu, a praticantes de religiões de matriz africana e a comunidades quilombolas no Meio-Oeste do Estado e na Grande Florianópolis. No último caso, em Paulo Lopes, a DPU promoveu uma audiência pública para dar voz aos integrantes da comunidade Santa Cruz, com a presença de autoridades municipais, antropólogos e dos órgãos envolvidos na temática.

Reunião interinstitucional sobre descumprimento de decisões de saúde

Saúde

Cerca de 30% dos novos pedidos de assistência jurídica gratuita feitos à DPU em 2017 envolviam solicitações de remédios e tratamentos de saúde não fornecidos pelo poder público. Centenas de decisões judiciais para concessão de medicamentos foram descumpridas pelo Estado de Santa Catarina. Em setembro, a DPU solicitou à Justiça Federal a intimação pessoal do secretário do Estado da Saúde para que explicasse a situação. Diante da ausência do gestor, que enviou representante, a Justiça Federal convocou uma reunião extrajudicial com os órgãos que atuam na área para identificar os problemas e apontar soluções para o cumprimento das decisões. Dois encontros foram realizados – o último, em novembro –, e novas reuniões devem ser marcadas neste ano.

Ainda na saúde, a DPU deu seguimento à ação civil pública que cobra a conclusão das obras da ala cirúrgica do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) em Florianópolis. A unidade é referência no tratamento contra o câncer e recebe pacientes de todo o Estado. Representantes do governo de Santa Catarina informaram, em audiência judicial em junho, que o centro cirúrgico deverá estar funcionando até 31 de maio de 2018.

GT Rua

Audiência pública sobre a população em situação de rua em Florianópolis

O Grupo de Trabalho em defesa dos direitos das pessoas em situação de rua (GT Rua) iniciou seus trabalhos no âmbito da Subseção Judiciária Federal de Florianópolis em setembro. Criado pela DPU por meio da Portaria 907, o GT planeja promover atendimentos jurídicos gratuitos quinzenais a esse público na capital catarinense, também em parceria com a Defensoria Estadual. Compõem a equipe os defensores públicos federais André Dias Pereira, na função de coordenador; Wilza Carla Folchini Barreiros, como subcoordenadora; Mariana Döering Zamprogna e Victor Hugo Brasil.

A primeira atividade desenvolvida pelo GT Rua foi a realização da audiência pública “População em Situação de Rua: direitos e violações”, no auditório da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, em outubro. Pessoas que vivem nas ruas de Florianópolis relataram suas principais dificuldades em áreas como saúde, moradia, emprego e renda. Integrantes do GT também visitaram o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) da capital catarinense a fim de verificar a estrutura disponível para receber o projeto de atendimento das Defensorias.

Imigração

Teve destaque no ano a atuação da DPU em favor de migrantes, que tiveram  o pedido de residência permanente no Brasil deferido (também aqui) pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg). Nos últimos anos, o Estado recebeu um grande fluxo de migrantes africanos e caribenhos em busca de melhores condições de vida. A equipes das unidades da DPU auxiliaram os cidadãos estrangeiros nas solicitações ao CNIg.

Projeto itinerante no Sul de Santa Catarina

Projetos externos

Além do atendimento nas sedes, a DPU promoveu atividades itinerantes de assistência jurídica gratuita em municípios do interior das subseções judiciárias em que atuam. Na Grande Florianópolis, o projeto DPU na Comunidade visitou Paulo Lopes, Rancho Queimado e São Bonifácio, além de atividades externas nos bairros Itacorubi e na Trindade, na Capital. Os municípios de Treviso, Lauro Müller, Balneário Rincão, Orleans e Urussanga, no Sul do Estado, sediaram entre os meses de maio e junho atividades de servidores e defensores públicos federais por meio do programa Defensoria Para Todos. Na região de Joinville, houve prestação de assistência jurídica gratuita fora da sede em favor da população em situação de rua e no evento Bem Estar Global, da Rede Globo.

Outros destaques da atuação da DPU em Santa Catarina no ano passado:

Garantias para cultos de religiões de matriz africana são discutidas na unidade de Florianópolis

A regularização dos terreiros e dos espaços de uso para celebrações de religiões de matriz africana em Florianópolis foi tema de reunião na última semana na Defensoria Pública da União (DPU). Os principais problemas apresentados pelos representantes do Fórum de Religiões de Matriz Africana (FRMA) e da Comunidade Terreiro Abassá de Odé tratam das multas por excesso de barulho e da dificuldade em obter registro que contemple as atividades promovidas nesses locais.

De acordo com Vanda Pinedo, do FRMA, vários terreiros foram multados e até fechados em Florianópolis. Pinedo relatou que a legislação associa as casas e os terreiros a estabelecimentos comerciais, fazendo exigências de limites para emissão sonora, de horários e de arquitetura que vão de encontro às características dos cultos afro-brasileiros. Um dos exemplos utilizados por Pinedo foi o som dos tambores, que, conforme a tradição, precisa extravasar os limites da casa e chegar à rua para atingir as entidades que compõem a cerimônia.

Garantias para a realização de cultos, festividades ou cerimônias nos templos afro-brasileiros de Florianópolis são tema de ação civil pública movida pela DPU em novembro de 2015, conforme destacou o defensor regional de Direitos Humanos, João Panitz. Após ter liminar indeferida, o processo aguarda decisão judicial na 6ª Vara Federal.

O geógrafo Aracídio Barbosa Neto, da Floram, lembrou também dos rituais que necessitam do uso de espaços públicos e recursos naturais, como cachoeiras, praias e lagoas. A criação de um protocolo para utilização de unidades de conservação municipais para esses fins, sem prejuízo de seu uso por outras pessoas, deve ser estudada pelo órgão ambiental.

O assessor jurídico da Floram, David Nascimento, comprometeu-se a analisar os problemas relatados e estudar soluções. Também será verificada a possibilidade de realização de um curso para técnicos da Floram voltado ao reconhecimento das comunidades tradicionais e de seus territórios em Florianópolis.

O encontro ocorreu por iniciativa da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram). Também estiveram presentes a assessora Daniela Pinheiro, da DPU; Paulino Santos, da comunidade Abassá de Odé; o procurador da República Eduardo Barragan; o biólogo da Floram Francisco da Silva Filho; o analista pericial do Ministério Público Federal Marcos Farias de Almeida; a antropóloga Raquel Mombelli, da Universidade Federal de Santa Catarina; e a bióloga Erika Nakazono, do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia.

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